sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

TARSO GENRO DIZ QUE AVISOU LULA SOBRE AÇÃO DA PF NA CASA DE SEU IRMÃO VAVÁ



Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na tarde de ontem, 16, o ex-ministro da Justiça do primeiro governo petista, Tarso Genro, disse que avisou o então presidente Lula – no início do seu segundo mandato – sobre uma ofensiva da Polícia Federal que pegou Genival Inácio da Silva, o Vavá, alvo da Operação Xeque-Mate – deflagrada em 2007 para combater esquema de jogos ilegais em Mato Grosso do Sul. Vavá é irmão de Lula.
Tarso depôs como testemunha de defesa de Lula na ação penal aberta na Operação Lava Jato contra o ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá.
Ele informou a Moro que, depois de ter avisado Lula, ficou sabendo que Vavá foi conversar com o irmão presidente. Segundo ele, teria ocorrido este diálogo: “Ô Lula, tu soubestes antes e não me avisou, eu sei que o Tarso te avisou”. “O Tarso, o ministro da Justiça, avisou o presidente da República e não o teu irmão”, teria respondido Lula, segundo o ex-ministro.
Na avaliação de Tarso, a diligência na casa de Vavá, “uma pessoa ingênua, foi desnecessária, arbitrária, num assunto que não tinha nada a ver”. “Foi feito (a operação) certamente para causar algum tipo de constrangimento ao presidente”, afirmou.
Um dos defensores de Lula indagou se o ex-ministro tinha conhecimento de algum ato do petista relacionado a irregularidades. Tarso lembrou que Lula era enfático no sentido de combater a corrupção. Neste momento, relatou a Moro como soube da ação da PF que pegou Vavá e como avisou o então presidente.
“Eu tinha assumido recentemente o Ministério da Justiça e chegando de uma viagem ainda na Base Aérea (em Brasília) estava lá me aguardando o chefe da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o diretor de Inteligência da Polícia Federal. Me disseram ‘olha, ocorrerá uma diligência amanhã pedida pelo Ministério Público e determinada à Polícia Federal na casa de um irmão do presidente, nós queremos lhe avisar’. Eu digo: ‘está tudo regular? Tem ordem escrita? Tem orientação? Então que se proceda”.
Naquela mesma noite, segundo Tarso, ele foi a Lula. “Cumprindo minhas obrigações como ministro procurei o presidente Lula, já era depois da meia noite. ‘Presidente, queria lhe informar que amanhã cedo vai ocorrer uma diligência na casa do seu irmão’. O presidente me perguntou: ‘está tudo legal, tudo regular?’ Eu disse ‘sim, está tudo legal, tudo regular’. Ele disse. ‘Então, que se proceda essa diligência, te agradeço por informar.”
Na manhã de 4 de junho de 2007 agentes da PF vasculharam a residência de Vavá, em São Bernardo do Campo. Ele foi indiciado por tráfico de influência. Outros 100 investigados foram enquadrados na Operação Xeque-Mate. Sete anos depois, a Justiça arquivou a investigação.
Tarso reafirmou que Lula jamais fez qualquer interferência para barrar ações contra atos ilícitos.