A emissão de auxílios por acidente de trabalho cresceu na região de Apucarana, no norte do Paraná. Foram 192 benefícios previdenciários concedidos no ano passado, 82 a mais que em 2023, quando houve 110 liberações, uma alta de 74% no comparativo. Os dados, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) referentes a 27 municípios, compilados pelo SmartLab, despertam preocupação sobre as condições de trabalho e segurança na região.
“O número de acidentes de trabalho registrados na região aumentou muito, porém, a realidade deve ser maior ainda, visto que há subnotificação por conta de trabalhos informais e muitos deixam de abrir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), o que evidencia que há ausência ou insuficiência de gestões de segurança do trabalho”, analisa engenheira de segurança do trabalho, Veridiane Podolan Eurich.
Em Apucarana, os dados do INSS mostram que a concessão do auxílio-acidente triplicou, passando 14 para 41 benefícios concedidos no ano passado, atingindo o maior índice desde o início da série histórica, em 2001.
No ano passado foram 90 casos de acidentes de trabalho graves no município, e a maioria envolve alimentadores de linha de produção e técnicos de enfermagem. Em relação ao perfil dos trabalhadores, os homens entre 18 a 24 anos têm o maior número de notificações, seguido pelas mulheres entre 40 a 44 anos. Os ferimentos mais registrados envolvem lesões, escoriações, fraturas, cortes e lacerações. E as partes do corpo geralmente atingidas são os braços e mãos, pernas e pés.
A análise das causas dos acidentes revela ainda que os equipamentos de trabalho são responsáveis por 20% dos acidentes ocorridos em Apucarana, seguidos por agentes biológicos e queda do mesmo nível.
Para a engenheira de segurança do trabalho, é preciso investigar as causas dos acidentes de para reduzir o índice. Segundo ela, é fundamental entender se os acidentes estão relacionados a atos inseguros, quando o próprio trabalhador se coloca em perigo, ou a condições inseguras, quando o ambiente laboral oferece riscos que comprometem a saúde e segurança do trabalhador.
“É preciso estudar alternativas eficazes de prevenção, como a implementação de programas contínuos de treinamento e conscientização dos trabalhadores, o fortalecimento da cultura de segurança dentro das empresas, a fiscalização mais rigorosa por parte dos órgãos competentes e o investimento em infraestrutura e equipamentos adequados”, destaca.