Em uma década, os sindicatos brasileiros já perderam 5,275 milhões de trabalhadores filiados. Nos últimos três anos, embora o mercado de trabalho tenha recuperado as vagas fechadas durante a pandemia, 1,325 milhão de trabalhadores deixaram de ser sindicalizados em todo o país.
No ano de 2022, apenas 9,134 milhões de trabalhadores eram associados a sindicato, apesar de a população ocupada ter subido a um recorde de 99,6 milhões de pessoas.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Características adicionais do mercado de trabalho, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado significa que, embora tenha havido uma alta de 4,9% no total de pessoas trabalhando no Brasil em relação a 2019, no pré-pandemia, foi registrado um tombo de 12,7% no contingente de sindicalizados no mesmo período.
Em uma década, o total de trabalhadores sindicalizados encolheu 36,6%, enquanto o número de trabalhadores ocupados cresceu 11%.
A reforma trabalhista, que, entre outras medidas, eliminou em 2017 a obrigatoriedade da contribuição sindical, é um dos fatores que explicam esse enxugamento no número de sindicalizados a cada ano, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A sindicalização somava apenas 9,2% dos ocupados em 2022, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012, quando 16,1% dos ocupados eram sindicalizados. Todas as Grandes Regiões tiveram redução na taxa de sindicalização na última década.
A maior queda em relação a 2012 ocorreu no Sul (9,2 pontos porcentuais). Em 2022, as Regiões Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,6%) apresentaram as proporções mais baixas de trabalhadores sindicalizados, enquanto as mais elevadas foram as das Regiões Sul (13,1%) e Nordeste (10,8%). No Sudeste, 8,3% dos ocupados eram filiados a sindicatos.
A maior taxa de sindicalização em 2022 foi a dos trabalhadores do setor público (19,9%), seguido por trabalhadores do setor privado com carteira assinada (11,0%). No entanto, as duas categorias estão entre as que mais tiveram perdas na proporção de sindicalizados em uma década, -8,1 pontos porcentuais e -9,9 pontos porcentuais, respectivamente.
A taxa de sindicalização recuou em todos os grupamentos de atividades econômicas em uma década, com exceção apenas dos serviços domésticos. A maior queda ocorreu em Transporte, armazenagem e correios, que tinha uma sindicalização de 20,7% dos trabalhadores em 2012, mas desceu a 8,2% em 2022.
Em relação ao nível de instrução dos trabalhadores, os mais escolarizados mantinham a maior taxa de escolarização: 14,5% deles eram filiados a sindicatos em 2022. Em 2012, entretanto, a proporção de sindicalizados nesse grupo de instrução era de 28,3%.