O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira (6) a devolução dos salários recebidos, como se estivesse dando aulas, pelo atual embaixador do Brasil em Praga, República Tcheca, Márcio Florêncio Nunes Cambraia.
A Secretaria de Fiscalização de Pessoal, do TCU, descobriu que o embaixador acumula seu salário, entre os mais altos do serviço público, com o de professor da Universidade de Brasília (UnB), da qual está afastado desde 1985.
O embaixador Márcio Cambraia estava afastado das funções de professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel), da UnB, e solicitou em dezembro de 2015 a continuidade de sua “licença sem ônus”, tendo em vista a designação para atuar como no exterior. O Diário do Poder teve acesso ao documento em que o professor José Flávio S. Saraiva, diretor, de próprio punho, concede a licença ad referendum do conselho do Irel. Apesar disso, os salários de professor continuaram a ser pagos, segundo constatou a auditoria do TCU.
O embaixador Cambraia esteve licenciado até junho de 2015, e recebe como se estivesse dando aulas a 9.600 km do seu local de trabalho. Ele ganha US$21 mil (R$67,8 mil) como embaixador, segundo estima o TCU, e como professor embolsa R$10,7 mil mensais, mas na prática ele recebe valores líquidos que sofrem a lei do “abate teto”.
O ministro Walton Alencar determinou também apuração de responsabilidades na UnB, para verificar quem autorizou o pagamento de salários a alguém que se encontra fora do País.