O movimento carimba, sem rodeios, sua entrada oficial no xadrez sucessório, e parece não ter volta nem recuos. Curi foi a estrela do evento regional “Oeste Acelerando”, cercado por prefeitos, vereadores e líderes empresariais, entre Itaipu e o eixo logístico da tríplice fronteira.
O discurso, embora embalado por pauta de desenvolvimento, teve clima de pré-campanha: acenos a bases municipais, foto a foto com gestores, café reservado com lideranças locais.
A região, estratégico cinturão do agronegócio, virou laboratório para testar musculatura governista com um olho em Brasília e outro no Centro Cívico em Curitiba.
No backstage, um prefeito confidenciou à reportagem:
“Quem parar perde. O governo está mostrando quem tem caneta e quem tem estrada.”
Três dias antes, o presidente da ALEP já havia circulado em Brasília ao lado de Pedro Lupion, Republicanos, recém-filiado ao partido comandado nacionalmente por Marcos Pereira, que lançou Curi ao Palácio Iguaçu.
O gesto balançou o PSD e fez soar sirene entre aliados do governador. Ninguém admite ruptura, mas o recado foi lido: Curi quer caminho próprio e não pretende esperar passivamente a bênção do chefe do Executivo. Curi, porém, afaga o ninho.
Em Foz, exaltou a relação com Rafael Greca, PSD, ex-prefeito de Curitiba e também colocado no tabuleiro de 2026.
Ao mencionar o aliado, sinalizou que, se houver disputa interna, será soft, com “responsabilidade”, uma mensagem de que pretende “ciscar para dentro”.
Mas, na prática, a foto com o Republicanos muda a fisiologia do jogo. Enquanto isso, o campo oposicionista segue em silêncio.
Sem nome firme e sem narrativa conectada ao eleitorado, ainda patina diante do barulho governista.
O jogo começou, e começou pelo território. Quem esperar por anúncio oficial, perde tempo político. A sucessão no Paraná já está na rua, de Foz ao Planalto, do Arenito Caiuá ao Litoral, com selfies calculadas, tapinhas nas costas e jantares discretos.
O PSD, que governa o estado, estica a corda e testa alternativas. Curi ganhou tração, exibiu musculatura e mostrou que não aceitará papel secundário.
Ratinho Junior, por sua vez, ainda guarda a caneta e o tempo. No Paraná, quem tem território manda; quem tem Brasília, arma. Aliás, na mesma Foz da tríplice fronteira ocorreu a Caravana Federativa, liderada pela ministra Gleisi Hoffmann.
As agendas se cruzaram na cidade e os públicos, em parte, se misturaram, sinal de que Brasília e o Paraná já compartilham o mesmo palco político.
