O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aposta em intensificar os esforços para ampliar as alianças comerciais do Brasil, especialmente entre os países do Brics e do chamado Sul Global.
A estratégia visa abrir novos mercados em meio ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos e diante da ameaça de novas sanções por parte do governo americano. Também busca marcar uma posição de defesa do multilateralismo e dos organismos internacionais.
Lula pretende promover uma teleconferência com membros do Brics e do Sul Global — ainda sem data definida. Em ligações bilaterais, o presidente já conversou com os líderes da China, Rússia e Índia.
A diplomacia não descarta ainda, é claro, parceiros estratégicos com quem o Brasil já mantém relações consolidadas. Entre os próximos interlocutores na mira de Lula estão os líderes da França e da Alemanha.
A ofensiva diplomática é vista como uma forma de reforçar a defesa do multilateralismo e construir uma frente de reação à retórica de Donald Trump. No entanto, o próprio governo reconhece os desafios. A avaliação é de que será difícil construir uma resposta conjunta e unânime.
Entre os entraves está a heterogeneidade dos países do Brics. As economias do bloco foram afetadas de maneira diferente pelas políticas de Trump e têm prioridades distintas na geopolítica global. Poucos chefes de governo se mostram dispostos a criticar o presidente americano publicamente.
Ainda assim, o governo brasileiro aposta na defesa da reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio), pauta comum aos membros do Brics e de interesse de outros integrantes do G20, na avaliação do Itamaraty.
O Itamaraty tem ressaltado a crise no Órgão de Apelações da OMC — instância responsável por resolver disputas comerciais entre países. Os Estados Unidos, desde o governo Trump, têm dificultado a nomeação de novos juízes para o órgão, o que na prática paralisou seu funcionamento.
CNN – William Waack