O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido apresentado pelo advogado Paulo Amador Cunha Bueno, que integra a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo sobre a trama golpista, para ser dispensado de seu depoimento à Polícia Federal (PF), confirmado para esta terça, 1º.
Na semana passada, Moraes determinou que a PF ouvisse Bueno e Fábio Wajngarten – que auxiliava Bolsonaro em algumas ações judiciais – por “suposta prática dos crimes de obstrução de investigação penal que envolva organização criminosa”. Segundo o ministro, relatos do tenente-coronel Mauro Cid apontam que Bueno e Wajngarten procuraram familiares do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro para conseguir informações sobre sua delação premiada
Em petição apresentada na segunda, 30, ao Supremo, Bueno afirmou que não tentou obter informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
O advogado confirmou ter se encontrado com a mãe de Cid, Agnes Barbosa Cid, mas em situação “casual, protocolar e breve”.
Ele alegou ter sido procurado por Agnes por ter ajudado a inscrever sua neta em uma competição de hipismo.
“O encontro foi bastante breve, amistoso e absolutamente protocolar, dividindo o agradecimento da Sra. Agnes com os cumprimentos do peticionário pela importante conquista da jovem amazona. Nada para além disso. O encontro na Sociedade Hípica Paulista de fato ocorreu, porém de maneira absolutamente casual e breve”, diz trecho.
Bueno, no entanto, afirmou não ter conversado sobre a delação de Cid.
Marcelo Câmara
A decisão do ministro foi proferida dentro de um inquérito aberto para apurar se o advogado Luiz Eduardo Kutz, que integra a defesa de Marcelo Câmara, teve contatos com o tenente-coronel ao longo de 2024 para obter informações privilegiadas sobre a delação no processo sobre tentativa de golpe de Estado.
Em 18 de junho, Câmara foi preso preventivamente por ordem de Moraes.
Segundo o magistrado, ao tentar obter informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, Câmara oferecia risco às investigações sobre a ação que julga a tentativa de golpe de Estado que teria ocorrido no país entre 2022 e 2023.
Na decisão, Moraes afirmou que Câmara descumpriu determinações cautelares, entre as quais a proibição de uso de redes sociais.
“Efetivamente, as condutas noticiadas indicam que o réu e seu procurador tentaram obter os dados sigilosos relativos ao acordo de colaboração premiada, por meio de conversas realizadas pelo Instagram e por meio de contatos pessoais na Sociedade Hípica de Brasília, no período em que o réu MARCELO COSTA CAMARA estava preso”, pontuou o ministro.
“A tentativa, por meio de seu advogado, de obter informações então sigilosas do acordo de colaboração premiada de MAURO CÉSAR BARBOSA CID indicam o perigo gerado pelo estado de liberdade do réu MARCELO COSTA CAMARA, em tentativa de embaraço às investigações”, acrescentou Moraes.
O Antagonista