sábado, 20 de dezembro de 2025

Com início do verão, Brasil tem pior cenário de praias balneáveis em 10 anos, mostra estudo


 















O verão começa neste domingo (21) em um cenário adverso para o litoral brasileiro. Levantamento da Folha aponta que Brasil atingiu o menor patamar de praias próprias para banho durante o ano inteiro no período de uma década.

Ao todo, 253 praias estiveram próprias para banho em todas as medições realizadas de novembro de 2024 até outubro de 2025, o equivalente a 30,2% do total. Outras 288 praias foram consideradas regulares, 143 ruins e 136 péssimas.

O percentual de praias boas é o menor da série histórica iniciada em 2016, que contempla nove dos últimos dez anos a exceção é 2020, quando não houve medições em meio à pandemia. Em 2016, quando os dados de balneabilidade começaram a ser compilados pela Folha, 370 praias foram classificadas como boas, ou seja, tiveram apenas classificações próprias durante o ano.

Em São Paulo, o total de praias próprias para banho o ano todo caiu de 62 para 47, cenário que a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) atribui ao volume de chuvas no decorrer deste ano.
Já as praias ruins subiram de 33 para 43 no período de novembro de 2024 a outubro deste ano, enquanto as praias regulares passaram de 64 para 70. As péssimas se mantiveram em 16 por ano.

Na Baixada Santista, segundo a Cetesb, os meses de janeiro, fevereiro e abril, quando houve picos de praias tidas como impróprias— registraram média mensal de 200 milímetros de chuva. “É bastante para um mês. Em 2024, a gente teve durante dez meses, exceto janeiro e dezembro, menos chuvas que a média mensal. Quase o ano inteiro”, disse a gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb, Cláudia Lamparelli.

ENTENDA A CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE BALNEABILIDADE 
Bom praia é própria para banho em 100% das medições
Regular imprópria para banho em até 25%das medições
Ruim imprópria entre 25% e 50% das medições
Péssimo imprópria em mais de 50% das medições

O cenário em algumas praias paulistas é crônico, como Perequê, em Guarujá, péssima em todas as medições da série histórica. O biólogo, pesquisador e pescador Jorge Luís dos Santos, 55, mora no bairro desde que nasceu e diz que o maior desafio para balneabilidade é o combate aos resíduos que chegam à praia pelo rio do Peixe e outros corpos d’água menores.

“Temos uma dificuldade histórica de ordenamento urbano. Isso inclui crescimento desordenado e falta de saneamento básico adequado”, afirma.

No Rio de Janeiro, a balneabilidade segue em nível crítico, com 66 praias próprias para banho ao ano inteiro e 200 regulares, ruins ou péssimas. Em relação ao ano anterior, 47 trechos apresentaram piora.
Na capital, a praia de Botafogo permanece como um dos principais símbolos desse cenário. Os dois pontos monitorados tiveram 67,1% das amostras consideradas impróprias, mantendo o trecho como a pior praia da zona sul, apesar de liberações pontuais para banho em 2025.

Mesmo assim, em dias de calor, parte dos frequentadores ainda entra no mar. “A gente sabe que não é uma água boa, mas com esse calor fica impossível ficar só olhando”, afirma Márcia Fernandes, 38, moradora do morro da Babilônia, comunidade vizinha à praia. “E aqui o mar é calmo, dá para as crianças brincarem”, disse, sentada dentro d’água com a filha e sobrinhas pequenas.