“Segurei firme [no cipó] e cheguei a me balançar um pouco. Apoiei a mão direita no tronco para ganhar mais impulso e, na hora, senti uma pinicação forte e um incômodo imediato”, lembra o técnico em TI. Ao conferir a superfície da árvore ele verificou que se aglomeravam no local diversas lagartas, com o que pareciam ser espinhos ao longo do corpo. “Em cerca de 20 minutos comecei a sentir uma dor de cabeça chata”, conta. O incômodo, inclusive, fez com que o programa em família fosse encerrado mais cedo do que o programado.
Apesar da dor de cabeça persistente e da sensação de letargia, Maurício seguiu com sua rotina no início da semana. Foi trabalhar normalmente e visitou clientes em diversas regiões da capital paulista, por vezes dirigindo sua moto ou o carro da empresa. “Na terça de noite, percebi que um hematoma que havia surgido na minha coxa esquerda, ainda no domingo, tinha aumentado bastante e outro começava a aparecer na perna direita.” Em um primeiro momento, o paulistano não relacionou as manchas ao contato com as lagartas. “A mão direita, que teve contato direto com o bicho, estava bem inchada e a pele apresentava um aspecto grosseiro”, recorda.
Foi só após muita insistência da esposa e do chefe que Maurício procurou atendimento médico, já no final da tarde de quarta – mais de 72 horas depois do incidente. Por conta da curta distância (ele é morador da Vila Sônia, bairro da zona oeste de São Paulo que fica próximo ao Butantan), decidiu buscar assistência no Hospital Vital Brazil, especializado no atendimento a pacientes picados por animais peçonhentos e localizado nas dependências do Instituto.
Após relatar o caso na unidade de saúde, o técnico teve os sinais vitais avaliados e amostras de sangue e urina coletadas. “Quando um paciente que teve contato com lagarta relata o aparecimento de manchas pelo corpo, existe um forte indicativo de que esteja acontecendo um quadro de envenenamento por Lonomia”, afirma o médico do Hospital Vital Brazil Jefferson Murad. Os exames de Maurício apontaram que ele estava com um baixo índice de fibrinogênio, um tipo de proteína que contribui para o processo de coagulação do sangue – o que explicava o surgimento das “manchas roxas”.