sexta-feira, 5 de julho de 2024

Delegado que matou mulher e enteada é condenado a 38 anos de prisão em Júri Popular


 
















O delegado Erik Busetti, acusado de matar a mulher e a enteada em março de 2020, foi condenado a 38 anos, 10 meses e 18 dias de prisão, na soma das penas. O julgamento do caso no Júri Popular de Curitiba começou na segunda-feira (1). A sentença foi lida na madrugada desta sexta-feira (5), às 0h35, após um dia inteiro de sessão no Júri nesta quinta-feira (4). Foram 19 anos e cinco meses pela morte de Maritza Guimarães de Souza, a mulher dele, e 19 anos e cinco meses pena pela morte de Ana Carolina, filha de Maritza e enteada do delegado. Além disso, ele perdeu o cargo de delegado de Polícia.

Nesta quinta de manhã, Busetti foi ouvido no julgamento. O interrogatório era bastante aguardado, uma vez que seria a primeira vez que ele se pronunciaria em público sobre o crime. Durante o seu depoimento, ele disse que a morte das duas mulheres foi um ato de legítima defesa. Na tarde e na noite desta quinta, ocorreram os debates da acusação e da defesa. Primeiro falam os procuradores do Ministério Público, com a assistente de acusação, e depois com a defesa.

Para os advogados de Maritiza e Ana Carolina, o crime foi um duplo feminicídio. Todo o trabalho da acusação foi construído no sentido de mostrar para os jurados que Busetti cometeu um crime bárbaro contra duas mulheres. A advogada Louise Mattar Assad cita o depoimento de Busetti que disse que os dois dominavam as artes marciais, no entanto, apenas ele estava armado no momento do crime.

“Com certeza era o que esperávamos. Foram quatro anos e quatro meses para um julgamento de quatro dias, desgastante, demasiadamente alongado, complicado, mas graças a Deus o corpo de sentença do Tribunal do Júri decidiu muito bem”, disse Samuel Rangel, advogado de defesa de Ana Carolina. “Após 4 anos de muita tristeza, falamos um rotundo não para a covardia, um rotundo não para os mais métodos, um rotundo não para o machismo. Às vezes o mal exerce cargos, é necessário que a sociedade se organize e julgue com profundo rigor. O Ministério Público está de parabéns, foi uma atuação perfeita, estamos muito felizes por isso”.

O pai de Ana Carolina, Luís Volpes, esteve na sessão. “A gente veio do Rio Grande do Sul, viajamos 14 horas para assistir a esse Júri, mas valeu a pena. Não traz minha filha de volta, mas traz paz de espírito, de que justiça foi feita. O mal não se sobrepõe ao bem”, afirmou. “É um filme que passa. Coisas que não sabia ainda eu acabei vendo aqui. Vão descobrindo feridas e mais feridas, que vão se abrindo. Bem dolorido. Qie ela esteja em paz no céu”.