domingo, 19 de fevereiro de 2023

Gripe aviária ainda não é ameaça direta a humanos, mas especialistas fazem alerta

 


A gripe aviária infectou um número recorde de aves e alguns mamíferos nos Estados Unidos, e os cientistas estão acompanhando de perto.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na última semana que o risco para os seres humanos permanece baixo, mas acrescentou: “não podemos presumir que isso continuará sendo o caso”.

Tal como acontece com o coronavírus que causa a Covid-19, que se acredita ter começado em animais antes de se espalhar para os humanos, alguns vírus de animais podem sofrer mutações, pular espécies para deixar os humanos doentes e se espalhar rapidamente pelo mundo.

Mas a gripe aviária altamente patogênica não é Covid-19. Os cientistas estão assegurando ao público que, com algumas raras exceções, o vírus não chegou aos humanos em uma escala grande o suficiente para desencadear um surto.

Ele foi muito além das aves, e sua recente disseminação entre membros de uma espécie separada deixou alguns especialistas preocupados com a maneira como o vírus está mudando.

O que é a gripe aviária?

A gripe aviária é um vírus influenza do tipo A que se originou em aves. A versão que está causando problemas predominantemente nas Américas e na Europa é chamada de H5N1. Existem vários subtipos, e os vírus da gripe aviária H5N1 comumente em circulação agora são geneticamente diferentes das versões anteriores do vírus, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Desde o fim de 2022, os cientistas detectaram esse vírus em mais de 100 espécies de aves selvagens como patos, gaivotas, gansos, falcões e corujas nos EUA.

Globalmente, essa cepa do vírus existe há muito mais tempo, disse Richard Webby, pesquisador de doenças infecciosas do St. Jude Children’s Research Hospital em Memphis, Tennessee, e diretor do Centro Colaborador da OMS para Estudos sobre a Ecologia da Influenza em Animais e Aves.

“Vimos uma espécie de tataravô do vírus no final dos anos 1990 no sudeste da Ásia e temos acompanhado sua evolução e mudança desde então”, disse Webby.

Na década de 2000, ele se espalhou para partes da Europa e da África e depois foi levado para o resto do mundo por meio de aves migratórias infectadas. Chegou às Américas mais recentemente, disse Webby.

A primeira infecção com esta versão do vírus foi relatada em aves selvagens nos EUA em janeiro de 2022, de acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção dos EUA, na sigla em inglês) –órgão que corresponde à Anvisa no Brasil. No mês seguinte, o Departamento de Agricultura dos EUA anunciou um surto entre perus em uma instalação comercial.

Estudos mostraram que a gripe aviária pode se espalhar para pássaros canoros, mas aqueles que normalmente se reúnem em comedouros – como cardeais, pardais ou gaios-azuis – e aqueles que você pode ver na rua como pombos ou corvos normalmente não carregam vírus da gripe aviária que ser uma ameaça para os seres humanos, de acordo com o CDC.

Patos e gansos podem transmitir o vírus sem parecer doentes. As aves domésticas nem sempre têm tanta sorte.

A gripe aviária altamente patogênica carrega “taxas de mortalidade muito altas” entre galinhas e perus. A doença pode afetar vários órgãos internos, causando a morte em 90% a 100% das galinhas dentro de 48 horas após a infecção, de acordo com o CDC.

Como pode se espalhar rapidamente, os agricultores geralmente precisam abater as aves não infectadas junto com as infectadas para evitar um surto mais amplo. É considerada uma das maiores ameaças conhecidas às aves domésticas.

Até quarta-feira (15), 6.111 casos foram detectados em aves selvagens em todos os 50 estados, diz o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês). O vírus afetou mais de 58,3 milhões de aves em 47 estados, de acordo com o CDC.

O grande volume de casos significa que o vírus tem mais chances de se espalhar para outras espécies, dizem os especialistas.