domingo, 2 de julho de 2017

VENDEDORES AMBULANTES PROTESTAM PELA FALTA DE PROTESTO NA ESPLANADA



Na tarde desta sexta-feira (30) o manifestante mais contrariado de toda a Esplanada dos Ministérios era Reginaldo Souza. Nascido no Distrito Federal e ambulante há 12 anos em Brasília, Souza estava aflito com o silêncio que tomava conta da principal avenida da capital federal.
Souza está entre os ambulantes que madrugaram para vender água, refrigerante, salgadinhos e churrasco durante as manifestações previstas para esta sexta. Mas não vendeu quase nada. "Cadê as pessoas? O povo não está indignado? Nas manifestações de abril, fiz mais de R$ 2 mil num só dia. Hoje só consegui vender R$ 150 de água", disse Souza.
Coube ao contingente de cerca de 3 mil homens da polícia minimizar os prejuízos dos ambulantes. "Se não fossem os policiais, hoje a gente estava perdido", comentou Souza. "São os únicos que estão aqui hoje, comprando alguma coisa."
Para tentar vender o que tinha trazido para a Esplanada, o ambulante João Paulo reduziu o preço da garrafinha de água. Em vez de R$ 3 a unidade, passou a vender três garrafas por R$ 5. "Saí gritando o preço perto do cordão de isolamento. Os policiais compraram tudo", disse João Paulo.
Na esperança de que manifestantes dessem as caras na Esplanada, alguns ambulantes diziam que um grupo grande de pessoas estava aglomerado no entorno no estádio Mané Garrincha e que logo desceriam até a frente do Congresso. A reportagem seguiu até o estádio para checar a informação. O que havia no local era um grupo de pessoas que estava pegando ônibus com destino a Goiânia, localizada a 208 quilômetros de Brasília.
Durante todo o dia, o fechamento da Esplanada à espera dos manifestantes serviu apenas para complicar o trânsito na região central da cidade. Nas proximidades da Biblioteca Nacional, tradicional ponto de encontro nos protestos, um grande pato amarelo inflável permanecia isolado, com seis pessoas que se refugiavam na sombra, por conta do sol quente.