terça-feira, 18 de novembro de 2014

Prefeitura de São Jerônimo da Serra cria 'mensalinho' para desvio de verba.



Investigar o desvio de dinheiro público é a missão do repórter Eduardo Faustini. Ele é conhecido como ‘repórter secreto’ porque não pode mostrar o rosto na TV.
São Jerônimo da Serra, norte do Paraná. Eduardo Faustini mostra um depósito de carros velhos, que não têm mais condições de rodar.
Mesmo assim, um caminhão que está no local é o campeão de abastecimento no posto de gasolina da cidade. Na realidade, o caminhão nunca rodou.
Entre as falcatruas cometidas em São Jerônimo da Serra, está o uso de um carro-fantasma. Uma sucata, mas, para todos os efeitos, era abastecida regularmente e quem pagava o combustível era o contribuinte. Uma Kombi que nem motor tem também era abastecida no posto.

O repórter Eduardo Faustini mostra como a população de um bairro Terra Nova sofre com a dificuldade para ser atendida na rede pública de saúde, com um veículo em péssimas condições de uso.
Segundo as investigações do Gaeco, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, o então prefeito Adir Leite empregou a esposa, Silvana, o filho Adicarlos e a noiva do filho, Aline. Essas e outras nomeações formaram a base da quadrilha que passou a mão no dinheiro público.
Uma das formas de desvio de dinheiro público era um "mensalinho" pago pela prefeitura a um grupo de vereadores. Todo mês, eles podiam pegar até R$ 1.000 em combustível nos postos integrantes do esquema para uso particular. Não era para abastecer carro oficial da Câmara.
“Portanto, era dinheiro público, que foi empregado em proveito de particulares, os próprios vereadores, para os interesses deles mesmos”, afirma o promotor Cláudio Esteves, coordenador do Gaeco, Londrina - PR.
Para esconder o esquema, as placas dos carros da prefeitura que estão sucateados é que apareciam na despesa, como se fosse a frota da prefeitura sendo abastecida. Quem autorizava os abastecimentos era Aline Moreira, a noiva de Adicarlos, filho do prefeito.
Em um telefonema gravado com autorização da Justiça, Aline conta ao noivo que está usando essas placas todos os dias: “Todo dia, no final do dia, eu pego umas placas”, ela diz.
Em um outro telefonema, o vereador Amarildo Bueno pede pneus ao prefeito Adir Leite.
“O fornecimento de baterias, peças, troca de pneus. Estes gastos com combustíveis e outros insumos eram colocados na conta do município, embora se destinassem a veículos ou a interesses de particulares ligados aos integrantes da administração”, explica o promotor.
Um dos postos de gasolina do esquema pertence a Fernando Larine. Em depoimento ao Ministério Público, Fernando contou como paga propina ao prefeito. Ele oferece 50% de tudo o que tem a receber da prefeitura.
Ministério Público: Qual foi o acerto que o senhor fez com o Adir?
Fernando: De eu receber total e dar 50% para ele em dinheiro. São 28, mais 36 e mais 26.
Depois das investigações da Operação Sucupira, o prefeito Adir Leite e três vereadores foram afastados do cargo. O esquema continua sendo investigado.
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