O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, cometeu equívocos ao citar dados econômicos do México para defender a redução da taxa Selic no Brasil. Em discurso na segunda-feira (3), durante evento em Brasília, Boulos afirmou que o risco-país mexicano seria “dez vezes maior” que o brasileiro e que os juros no Brasil seriam “cinco vezes” superiores aos do México — o que não corresponde à realidade.
De acordo com os dados mais recentes do CDS (Credit Default Swap) de cinco anos, o risco-país do México é de 93,5 pontos, enquanto o do Brasil é 140,8 pontos — ou seja, o México tem menor risco aos olhos do mercado financeiro. As agências Moody’s e S&P também classificam o México com grau de investimento (Baa2 e BBB), enquanto o Brasil permanece em nível especulativo (Ba1 e BB).
Boulos também errou ao comparar as taxas de juros. A Selic brasileira está em 15% ao ano, enquanto o juro básico do México é de 7,5%. Mesmo ao considerar os juros reais — descontada a inflação —, o Brasil tem 9,51%, contra 3,77% do México. Ou seja, a diferença existe, mas está longe de ser cinco vezes maior, como disse o ministro.
Apesar da inconsistência nos dados, Boulos manteve o tom crítico à política monetária do Banco Central, afirmando que o patamar atual dos juros “impossibilita o crescimento da indústria nacional”. O BC, por sua vez, decidiu na quarta-feira (5) manter a Selic em 15%, justificando a medida pela persistência da inflação acima da meta.
Com informações do Poder 360
