domingo, 8 de dezembro de 2024

Lula admite falhas na comunicação do governo e falta de organização nas redes sociais


 














O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma mea culpa e admitiu, nesta que seu terceiro mandato está pecando do ponto de vista da comunicação. Segundo ele, seu governo e partido, o PT, não estão “organizados” como deveriam e, por isso, estão cometendo erros nesta área. Lula admitiu essa deficiência ao participar de seminário organizado e coordenado pelo Partido dos Trabalhadores e pela Fundação Perseu Abramo.

“Nós não estamos organizados para fazer revolução digital que precisamos fazer para competir dentro e fora do movimento social. Nesses dois anos de governo eu já fiz muito mais entregas de políticas públicas do que nos oito anos anteriores. Nós não estamos entregando de forma adequada para a sociedade aquilo que nós fizemos”, disse Lula, em participação por videoconferência.

“Há um equívoco meu na minha comunicação, eu não tenho organizado as entrevistas coletivas. Eu adoro falar em rádio e é preciso organizar as coisas direito. Agora, precisamos fazer do jeito que precisa ser feito. Somos nós que temos que falar bem de nós e daquilo que estamos fazendo porque não serão os adversários políticos que falarão bem de nós”, emendou.

Apesar de Lula não o citar diretamente, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo é comandada hoje pelo ministro Paulo Pimenta. O titular da Secom tem recebida críticas internas do PT por conta das dificuldades do governo de engajar seu próprio eleitorado nas redes. Sobre isso, Lula criticou o fato de seu governo ainda não ter conseguido organizar, em dois anos de mandato, redes sociais “competitivas”.

“Estou há dois anos no governo e nós não conseguimos ter uma imprensa competitiva, não conseguimos um estudo mais profundo na questão digital. O PT não tem [isso], os nossos militantes têm cada um a sua [rede social], cada parlamentar tem a sua. Não temos uma imprensa do PT que funcione como cabeça, tronco e membros”, ponderou Lula.

O presidente defendeu que uma das prioridades da esquerda deveria ser impedir que a extrema-direita influencie mais a população. “A gente achou que a internet poderia levar todas as informações que a gente julgava necessária para a população, mas muitas vezes a internet mais fornece informações equivocadas e fake news. O que a gente não pode permitir é que alguém como a extrema-direita tenha mais espaço nas redes sociais do que nós”, argumentou o presidente.

Lula também admitiu que os sindicatos não são os mesmos da época da criação do PT. Em razão disso, o presidente reconheceu que seu partido não está mais fazendo formação política como antigamente.

“O mundo no qual o PT foi criado não existe mais. Os sindicatos de 1980 não são os mesmos de 2025. Nós temos um problema sério que é fazer formação política. Isso não é novidade para o PT. Nós desaprendemos a fazer isso porque o jeito de fazer política ficou mais institucionalizado e nós não conseguimos movimentar as massas”, concluiu.

Valor Econômico