A comunidade escolar do Paraná disse “não” à privatização do ensino público, rejeitando o programa “Parceiro da Escola” proposto pelo governador Ratinho Junior (PSD). Entre 6 e 9 de dezembro, 177 escolas foram consultadas, abrangendo 98 municípios. O resultado foi marcante: 88% das instituições rejeitaram a ideia de entregar a gestão escolar a parceiros privados, resistindo à pressão do governo.
Quem se envolveu nessa mobilização foram estudantes, pais, mães, educadores e entidades representativas, como a UPES (União Paranaense dos Estudantes) e a APP-Sindicato, que denunciaram a tentativa de impor um modelo desfavorável ao ensino público. O ambiente físico da consulta foi em cada colégio, espalhado por todo o estado, num esforço para ouvir a voz de quem vive a realidade da sala de aula.
A votação entre sexta (6) e segunda-feira (9) últimas, período em que a tensão aumentou após mudanças nas regras pelo governo estadual. Mesmo assim, a maioria rejeitou a proposta.
A ideia de conceder a gestão escolar a empresários gerou desconfiança. Muitos temem a retirada de recursos públicos da educação para interesses privados, colocando em risco a qualidade do aprendizado e a autonomia da comunidade escolar. Embora apenas 11 escolas tenham apoiado o projeto, o governo ameaça expandi-lo para 95 instituições em 2025, o que a APP-Sindicato classifica como um “golpe” contra a vontade popular.
O resultado contrário à privatização, que se delineou, passou pela união de diferentes grupos sociais, partidos, movimentos populares e líderes comunitários. A votação envolveu esforço, diálogo e, muitas vezes, resistência diante da presença policial e da pressão institucional –segundo as entidades ‘vencedoras”. Houve, segundo a comunidade, uma tentativa de distorção dos dados pelo Palácio Iguaçu, que antes divulgara aprovação do programa. No entanto, as urnas mostraram o oposto, revelando a verdadeira percepção da população sobre a iniciativa governamental.
A consequência mais clara é a percepção renovada sobre a importância da educação pública. A decisão de manter as escolas nas mãos da comunidade reforça a crença de que investir no futuro das crianças e jovens não pode ser um empreendimento lucrativo para poucos, mas um compromisso coletivo em favor do acesso, da qualidade e do respeito pela vontade popular. A esperança agora é que o governo Ratinho Junior reconheça a legitimidade da consulta e ajuste seu rumo, ouvindo quem vive o cotidiano escolar e entendeu que a evolução no ensino não será conquistada abrindo as portas para interesses privados, mas sim fortalecendo a escola pública, inclusiva e democrática.
“O povo disse não à venda das escolas públicas do Paraná! O programa “Parceiro da Escola”, que privatiza as escolas estaduais, foi rejeitado em 88% dos colégios. Ou seja, os paranaenses começaram a enxergar a verdade por trás do marketing e da estratégia entreguista do Governo Ratinho Jr.”, disse o deputado Arilson Chiorato, presidente do PT no Paraná, durante a sessão plenária desta terça-feira (10/12) na Assembleia Legislativa do Paraná.