segunda-feira, 27 de maio de 2024

Após 489 dias internada, bebê tem alta de hospital no Paraná


 














Após 489 dias de internação, o Hospital Universitário Materno-Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) deu alta para sua mais antiga moradora, uma criança de apenas 1 ano e três meses. Kherollyn de Campos Souza partiu na última sexta-feira (24), para viver plenamente com a família, depois de ser internada logo após vir ao nascer. A pequena, natural de Telêmaco Borba, chegou ao Humai cinco dias depois de nascer, com diagnóstico de intestino curto. Os passos para fora vieram depois da despedida de toda sua “família do coração”.

O nome Kherollyn surgiu da inspiração de uma atleta da Seleção Brasileira de Futebol. E como a colega homônima, a menina entrou em campo para vencer, desde que nasceu. O resultado feliz veio depois de um longo tempo de luta. A primeira batalha aconteceu logo numa quinta-feira, um dia depois que ela nasceu, em um hospital da Ortigueira, quando precisou de antibióticos, como conta a mãe Lúcia de Campos Oliveira. “No outro dia, vieram vômitos e eu logo questionei o médico o que estava acontecendo, porque aquilo não era normal”. Era o começo da jornada da mãe e seu bebê no Hospital.

Após os exames detectarem alterações, as duas vieram para o Humai, em 04 de fevereiro. “Era um sábado, 01h15 da manhã, fizemos exames e vimos que o intestino estava retorcido. Daquele dia em diante, ela ficou na UTI”. Em duas semanas e quatro cirurgias, a pequena recebeu o diagnóstico da síndrome do intestino curto. “Ficamos aqui na UTI pediátrica até 03 de maio do ano passado, quando fomos fazer reabilitação lá no Hospital Pequeno Príncipe”, recorda a mãe. Com o fim do tratamento por lá, elas voltaram para o Humai em 12 de setembro, na Clínica Cirúrgica, local em que aguardaram até a alta. O retorno de que poderiam ir para casa em Ortigueira, com home care fornecido pelo município, foi recebido com ansiedade. “Agora, ela vai receber auxílio para troca da nutrição parenteral total (NTP), que auxilia na nutrição dela, com as enfermeiras indo na nossa casa todos os dias para fazer os curativos”, comemora a mãe.

A internação de um bebê é também a internação de uma mãe. “Eu ficava aqui de 30 até 60 dias junto com ela, não ia pra casa. Ia apenas num fim de semana para ver minhas duas outras meninas mais velhas”, explica. Em um hospital que preza pelo contato da criança com a família, como o Humai, até quando Kherollyn estava na UTI, Lúcia ficava ali. A prioridade era a filha. “Mesmo me recuperando da cesárea, eu não saía de perto dela. Era difícil, ainda mais pra quem fica, mas a gente se adapta”.

A equipe multiprofissional do Hospital Universitário não largou a mão da família, dando o suporte para o desenvolvimento da pequena, mas também com olhos para Lúcia. Como explica a psicóloga Karen Martins, todos os profissionais envolvidos aprenderam algo novo com este caso. “Temos um carinho muito grande por eles. E na psicologia, nosso foco era a família. A Lúcia precisava estar aqui o tempo todo, foi poucas vezes para casa, então tivemos que desenvolver estratégias para atender o caso”.