Integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmam que a Polícia Federal apreendeu na operação da última sexta-feira (20/10) uma série de dados que colocaria em risco a segurança de fontes da agência e agentes que estão em missões no Brasil e no exterior, e que não teriam relação com a investigação do possível monitoramento ilegal que possa ter sido feito na agência.
Fontes da Polícia Federal ouvidas pela coluna rebatem essa informação e dizem que a Abin tergiversa por supostamente não ter colaborado com a investigação.
Entre os dados que teriam sido indevidamente apreendidos pela PF está a relação de informantes do órgão, bem como dados de operações em andamento. Um levantamento feito pela agência mostrou que, de 36 documentos apreendidos, 19 não tinham relação com o First Mile, software usado para monitoramento de geolocalização.
Segundo integrantes da Abin ouvidos pela coluna, até dados de fontes ligadas a grupos terroristas teriam sido apreendidas pela PF.
Uma planilha de Excel com dados de FHs (fontes humanas) foi apreendida, e também documentos de um monitoramento de radicalização de CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador).
A tensão entre PF e Abin se agravou nas últimas semanas também em virtude da possível recriação do Ministério da Segurança Pública.
O atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, é apontado como um nome ouvido pelo presidente na área e, mesmo que não seja cotado para se tornar ministro, poderia influenciar na escolha do nome. A PF ficaria subordinada ao novo ministro, o que, na visão de agentes da Abin, incomodaria a atual cúpula da polícia.
Metrópoles