terça-feira, 19 de dezembro de 2017

SEGUNDO VEREADOR É TRUCIDADO EM 36 DIAS, EM CIDADE ALAGOANA OCUPADA PELA PM



Com o segundo integrante do Legislativo Municipal assassinado a tiros em 36 dias, a violência se impôs diante da ocupação das forças policiais do Estado de Alagoas, no município de Batalha. O vereador Tony Carlos Silva de Medeiros, o “Tony Pretinho” (PR), 34 anos, foi morto na noite de sexta-feira (15), no Centro da cidade sertaneja ocupada pela Polícia Militar. E ainda não há prisões de suspeitos pelo crime, muito menos pela morte da primeira vítima, Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro” (PSD), 61 anos, assassinado a tiros à porta da Câmara, em 09 de novembro.
O delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, designou uma comissão de delegados para investigar o crime dessa sexta-feira, em que Tony Pretinho foi trucidado com tiros de pistola e de espingarda, quando conversava à porta da casa onde mora com familiares e foi surpreendido com a chegada de um carro preto, com os autores do crime.
Em entrevista à TV Gazeta, o chefe da Polícia Civil descartou qualquer ligação entre os dois assassinatos. E disse que o inquérito do primeiro crime, contra o vereador Neguinho Boiadeiro, já estaria em sua fase final, apesar de não ter havido prisões de suspeitos.
“Não tem relação nenhuma um com o outro, até o modus operandi é diferente e a gente vê que as circunstâncias são diferentes, motivação e tudo. Não podemos adiantar porque isso pode prejudicar a investigação, mas no decorrer dos esclarecimentos vocês verão que não há um correlacionamento”, declarou Paulo Cerqueira.
O vereador Tony Pretinho também era agente penitenciário e atuava no Presídio de Segurança Máxima do Agreste, no município de Girau do Ponciano-AL. E, ao contrário de Neguinho Boiadeiro, era aliado da prefeita de Batalha, Marina Dantas, que chegou a ser acusada pela família Boiadeiro pela morte do vereador, em novembro.
‘CAIXÃO CONTRA BANG-BANG’

MORTE DE NEGUINHO BOIADEIRO AINDA SEM RESPOSTAS (FOTOS DE WHATSAPP)
O tombamento do segundo vereador em Batalha comprova o quanto foi inútil prometer caixão para pacificar o clima de guerra entre clãs, na estratégia midiática da “política de segurança pública” do governo de Renan Filho (PMDB). 
A sugestão de derramar mais sangue para pacificar a cidade foi feita logo após a morte do vereador Neguinho Boiadeiro. O crime resgatou o clima de guerra entre os clãs dos Boiadeiro e dos Dantas. E o governador Renan Filho contou com o discurso do comandante do Policiamento de Área do Interior I, coronel Walter do Valle, que prometeu publicamente "tromba" e "botar no caixão" quem peitasse as forças de segurança que ocuparam a cidade.
Um dia após a morte do vereador Neguinho Boiadeiro, sua viúva e sua filha acusaram o governador, Renan Filho de acobertar acusados e ignorar pedidos para intervir contra supostas ameaças de familiares do presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Dantas (PMDB), cujo sobrinho José Emílio Dantas sobreviveu a uma emboscada em sua própria casa, logo após o crime de 09 de novembro, feita por Baixinho Boiadeiro, que é filho do primeiro vereador assassinado.
Enfim, os alagoanos têm o direito de saber onde estavam as forças de segurança, na noite de sexta-feira. E o Estado tem obrigação de dizer quem matou os vereadores e com que motivação, no Centro da cidade sertaneja que é reduto político do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, principal aliado do governo de Renan Filho.