quinta-feira, 14 de março de 2019

Primeiro réu do caso Bernardo a ser interrogado, Leandro Boldrini nega acusações: 'Não mandei matar meu filho'

Leandro Boldrini é o primeiro réu a ser interrogado — Foto: TJ RS/Divulgação

Acusado de matar o filho Bernardo Uglione Boldrini, então com 11 anos, o médico Leandro Boldrini foi interrogado por três horas e meia, na tarde desta quarta-feira (13), terceiro dia do julgamento popular do crime no Fórum de Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Ele negou as acusações, afirmando que a criança foi morta pela madrasta, Graciele Ugulini, e pela amiga dela Edelvânia Wirganovicz.

"Eu não mandei matar meu filho", disse o médico. "Extraiam todo o meu sangue, me decapitem, façam o que quiserem fazer comigo, senhores jurados, mas vocês estarão incorrendo em um erro gravíssimo. Espero, com todo o respeito, que os senhores e senhoras jurados analisem todo o contexto probatório e vocês vão ver: como um pai vai mandar matar o filho? Isso não existe", acrescentou.

Uma das testemunhas que prestou depoimento em defesa do réu e assistia ao júri foi às lágrimas ao ouvir o apelo de Leandro. Ela preferiu não falar à reportagem.

Bernardo foi morto em 2014, aos 11 anos, após ingerir uma superdosagem de Midazolam. O corpo foi encontrado 10 dias depois envolto em um saco plástico em uma cova em Frederico Westphalen.

Além dos três réus, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também responde pelo crime. Os demais acusados serão interrogados ao longo do julgamento, que teve início na última segunda-feira (11) em Três Passos.

A expectativa no salão do júri era grande para a chegada de Leandro Boldrini nesta quarta-feira. Jurados, comunidade e imprensa já estavam posicionados no aguardo do réu, o primeiro a ser interrogado no julgamento do caso Bernardo.

Por volta das 15h, Boldrini entrou com a cabeça erguida, porém olhando para baixo, e com os braços cruzados. Quando sentou, a juíza Sucilene Engler Werle informou o réu que ele tinha o direito de ficar em silêncio, mas alertou: "Os jurados poderão interpretar o silêncio como acharem conveniente."

"Faço questão de falar", respondeu Boldrini, aparentando segurança.

O réu responde por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica, por ter noticiado falsamente o desaparecimento do filho à polícia, conforme o Ministério Público.

Antes de começar a questioná-lo, a juíza fez a leitura da denúncia e do aditamento. Ela perguntou se os fatos narrados na denúncia eram verdadeiros.

"Referente à minha pessoa, eles não são verdadeiros", disse, sem vacilar. Leandro vestia uma camiseta branca, calça jeans e nos pés levava meias e um par de alpargatas azuis.